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Postado 1 de agosto de 2022

Por que brincar na rua é coisa do passado?

Há o desejo de cidade pequena em cada um de nós. Porém, com as diversões que a metrópole proporciona. Condomínios são apenas parte da solução.

Se você já empinou pipa, jogou bola em campinho e esqueceu de voltar para casa sabe como é. Brincar na rua já foi diversão corriqueira, quando não vivíamos em tempos muito estranhos. Por que mudou? Porque as cidades ficaram mais violentas, aumentou o número de carros e porque sair de casa é singrar por mares nunca dantes navegados mesmo para os adultos.

Os condomínios encontraram a solução criando áreas de lazer nos espaços comuns. É a mesma coisa? Claro que não. Se as administrações públicas privassem o espaço do carro em benefício do pedestre ou da mobilidade urbana, em um conceito geral, e talvez as crianças e adolescentes pudessem arriscar um “tico” fora de seus limites.

Hoje as bicicletas disputam espaço nas calçadas porque não há ciclovias nas ruas mais movimentadas do centro da cidade. Bicicletas são toleradas até certo ponto. Até que um dia sejam comparadas aos patinetes elétricos que caíram em desgraça, junto com os aplicativos que os administravam, porque podiam atingir a velocidade de até 20 quilômetros com o risco de atropelar e machucar um incauto passante.

Se não é possível pedalar nas vias públicas porque sempre há o risco de acidente, imagine uma criança em patins ou patinete convencida de que pode ganhar o mundo ao seu redor – ou seja, andar até a esquina – sem que isso se transforme em um caso de polícia.

Há o desejo de cidade pequena em cada um de nós. Porém, com as diversões que a metrópole proporciona. Antes, uma turma de jovens andando pela cidade era apenas uma tarde de diversão na biblioteca pública ou no cinema. Agora, só mesmo se estiverem passeando no shopping e fazendo caretas para os manequins da vitrine. Um grupo idêntico andando pelas ruas do centro é, salvo olhar mais detido, uma gangue com motivações inconfessáveis pronta para pichar um muro ou promover arruaça. São mesmo tempos muito estranhos.

Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 1º de agosto de 2022.

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