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Postado 14 de novembro de 2023

ACGB Floripa inaugura mural de azulejos em homenagem a lavadeiras do Mont Serrat

Painel cultural é o primeiro instalado pela entidade em Florianópolis e conta com o apoio do Instituto Vilson Groh e de associações de moradores da região; evento contará com a presença do prefeito da capital, Topázio Neto

A Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB) inaugura neste sábado, às 19 horas, em Florianópolis, o mural “As Lavadeiras”, criado para homenagear trabalhadoras da comunidade do Mont Serrat que, por muitos anos, exerceram o ofício da lavação de roupas nas margens dos córregos e rios da região do Morro da Cruz, atendendo a moradores do centro da capital catarinense.

Esse é o primeiro painel de cultural que a filial da ACGB em Florianópolis oferece à cidade. O mural, feito inteiramente de azulejos, será inaugurado na Praça Mont Serrat (Rua General Vieira da Rosa, 610), com a presença de entidades parceiras, entre elas o Instituto Vilson Groh (IVG), o Movimento Traços Urbanos, o Conselho Comunitário do Mont Serrat e também a pastoral da região. Segundo a secretaria de Comunicação Social da capital, o prefeito Topázio Neto também deve estar presente na inauguração.

O mural foi idealizado pelo artista e design gráfico André de Souza, colaborador da ACGB matriz, cuja sede está localizada em Curitiba, no Paraná, a partir de cenas do cotidiano das lavadeiras pintadas por Bruno Barbi. A obra é composta de cinco painéis enfileirados, sendo que o primeiro descreve a história das lavadeiras escrita, de forma poética, por Priscila Freitas e Rodrigo Cantos.

Zelador da ACGB Curitiba instala painel frontal da obra “As Lavadeiras”, na Praça Mont Serrat, em Florianópolis (SC).

A criação da comunidade do Mont Serrat está ligada ao período do fim da escravidão, no século 19, quando a existência de córregos, bicas e fontes de água, permitiu às mulheres trabalharem como lavadeiras para famílias do centro da cidade.

Através do texto de Rodrigo Cantos e Priscila Freitas podemos imaginar o dia a dia no Morro:  

“Quando aqui chegaram os primeiros moradores, a água jorrava em abundância pelo morro. Pelas sete horas da manhã, as lavadeiras deixavam suas casas e se dirigiam às bicas d’água. Esfregavam a roupa, cada uma em sua pedra, enquanto cantavam hinos de louvor a Deus e aos Orixás. O ruído das águas se misturava aos seus cantos, formando uma sinfonia.

Mulheres Negras, Índias, Marias, subiam e desciam os becos e vielas muitas vezes ao dia, com as trouxas de roupas das famílias do centro.  Com a lavação mantinham suas próprias famílias e exerciam a solidariedade, ajudando umas às outras. As bicas eram ponto de encontro onde contavam histórias, trocavam informações de todo tipo: receitas, oportunidades de trabalho, remédios, educação, demandas da comunidade”.

Dona Bibina, lavadeira do Mont Serrat, descreve como era a rotina de trabalho:

“Nós íamos às sete horas da manhã e voltávamos as seis da tarde. Já vínhamos com a roupa sequinha, dobradinha. Muitas vezes ficávamos lá o dia inteiro, sem comida. Então a gente cantava, assobiava, conversava, para esquecer da fome. Quando tinha um pouquinho de comida, repartíamos. Um comia do outro”.

A profissão, ora em extinção, deixou seu legado na força dessas mulheres que desenvolveram, à beira desses córregos, um forte sentimento de coletividade, evidenciado na grande coesão comunitária existente no Mont Serrat.

A instalação do mural contou com o apoio do Conselho Comunitário Mont Serrat (logomarca acima) e da Pastoral Mont Serrat, entre outras entidades.

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