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Postado 26 de julho de 2022

Não basta verticalizar

Para que a verticalização traga resultado é preciso resgatar os moradores. A ACGB/Vida Urbana tem batido nessa tecla há 22 anos, desde que foi fundada.

Números e não são apenas números. O Brasil tem a quarta maior população do mundo. Não há como escapar. E a verticalização é um caminho sem volta. Aliás, é um fenômeno global que está diretamente relacionado à urbanização. Ou seja, o aumento populacional das grandes cidades é fato definitivo e irrefreável. Em detrimento da vida no interior.

O que está em debate, no entanto, é o adensamento populacional. As pessoas trabalham no centro, mas vivem – e peço perdão pela generalização – em algum programa habitacional chamado Minha Casa, Meu Fim de Mundo. É tudo o que não deveria ser feito. Mandar o cidadão para os confins e deixar a centro às moscas.

O último Censo do IBGE, há 12 anos, mostrava que o número de apartamentos no Brasil havia passado de 4,3 milhões para 6,1 milhões. Pois traga esse número atualizado e teremos 10 milhões de unidades residenciais. Contudo, elas se concentram nos bairros, não na região central.

Lição número 1: para que a verticalização traga resultado é preciso resgatar os moradores. A Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB/Vida Urbana) tem batido nessa tecla há 22 anos, desde que foi fundada, porque sabe que uma cidade vazia é um espaço abandonado, sujeito a ações de vândalos, pichação e desmazelo (o contrário de zelo) por parte da administração pública. Ora, onde ninguém vive não há porque cuidar. Sim, é dessa maneira que políticos raciocinam.

Coordenadora de projetos da ACGB, Deisi Momm diz que a verticalização pode sim ajudar no aumento da concentração populacional no centro, mas isso não basta. “Enquanto o mundo tem cerca de 50% das pessoas morando em cidades, o Brasil já tem 85%, mas morar não cidade não significa viver nela. As pessoas estão concentradas na periferia”.

Para viabilizar o adensamento populacional, o planejamento urbano é fundamental. É necessário infraestrutura adequada e adaptação das vias aos pedestres com a necessária recuperação das calçadas. E a tudo isso deve se somar o comércio para que os condomínios tenham em seu entorno ambientes agradáveis para alimentação e lazer. Não se pode falar em vida urbana sem que as pessoas morem, trabalhem e se divirtam em uma mesma localidade. Se o Brasil vai entender isso um dia? Bom, esse é o país da esperança.

Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 25 de julho de 2022.

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