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Postado 9 de julho de 2022

Pichadores de todo o mundo, grafitem!

Reportagem da RPC mostrou o trabalho da ACGB, que há 22 anos trabalha pela despichação da capital, porém sob um prisma diferente: o da educação pela arte.

Os números são surpreendentes. Em cinco meses – de janeiro a maio –, a Guarda Municipal de Curitiba contabilizou 143 pichações na capital. O porcentual é 16% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Alguém pode sugerir que os pichos só foram menores porque os vândalos atenderam ao chamado do “lockdown”. Que nada. Ao longo de 2021, as pichações somaram 339. Em paredes, portas de estabelecimentos e na fachada de prédios. Às vezes no alto deles, porque há um desafio entre as cerca de 240 tribos da capital e região metropolitana que se dedicam à tarefa de sujar a cidade. Quanto mais improvável e perigosa a façanha do picho, maior o “prestígio”.

Reportagem da RPC/Globo, na semana passada, mostrou o trabalho da Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB/Vida Urbana), entidade sem fins lucrativos, que há 22 anos trabalha pela despichação da capital, porém sob um prisma diferente: o da educação pela arte.

O grafite é onde a entidade aposta suas fichas. Entrevistado pela emissora, o comerciante João Alves Antunes exibiu o resultado de uma parceira feita com a ACGB que ajudou no ressurgimento da Rua Saldanha Marinha.

Antes abandonada e com a aura de submundo, a via pública ganhou cor e projeto com os grafites do artista curitibano Rimon Guimarães. O resultado é o que se pode ver na foto acima e ao vivo e em cores na rua que abriga prédios históricos – incluindo o da Secretaria de Cultura do estado.

Coordenadora de projetos da ACGB, Deisi Momm diz que há uma regra tácita entre os pichadores que diz que onde há grafites não pode haver vandalismo. A ACGB desenvolveu um projeto com as tribos que é, em parte, pesquisa – Deisi é autora de monografia sobre o tema –, parte em ações positivas. “Sabemos que a cidade é pública, mas isso não significa que ela seja passível de depreciação. O que é preciso fazer? Investir na educação”, afirma.

Com seus quatro quilômetros de extensão, a Saldanha Marinha é uma das ruas monitoradas pela ACGB. Há outras seis onde a incidência de pichações é frequente. “Diariamente e ininterruptamente”, como afirma Deisi, zeladores da entidade se ocupam em apagar as tintas do vandalismo de ruas e portas do comércio para depois voltar a pintá-las. O trabalho é árduo e contínuo, mas já há uma luz no fim do túnel. A cidade está disposta a trocar o picho pela arte do grafite. Pichadores, unam-se!

Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 4 de julho de 2022.

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