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Postado 22 de junho de 2022

Soprem bons ventos na reforma da Embap

Houve ocasião, há 12 anos, em que a Belas Artes ganhou um projeto de restauração completo, aprovado em todas as instâncias da administração.

Está longe de ter um fim a novela envolvendo o antigo prédio da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), localizado no centro de Curitiba. A última notícia, datada de outubro de 2021, anunciava que o governo do estado e a prefeitura da capital “estudavam parceria” para restaurar a edificação. O verbo “estudar” e o vocábulo “parceria” dizem muito sobre o quanto esse projeto irá adiante a depender da vontade que ronda nossos administradores. Mas sejamos otimistas. Tal como o diabo que acha que pode tornar o homem pior do que ele é.

Houve ocasião, há 12 anos, em que o prédio ganhou um projeto de restauração completo, aprovado em todas as instâncias da administração estadual. Mesmo assim não foi adiante. Por quê? Não se sabe. O orçamento de R$ 14 milhões foi aprovado pela Assembleia Legislativa e constou na Lei Orçamentária Anual, mas andou para trás quando deveria seguir em frente.

Construído na década de 30 do remoto século XX, o prédio de dois pavimentos hoje deveria abrigar o campus I da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), mas só o faz no papel. Na prática segue jogado às traças, pichado, com telhas quebradas e brechas nas portas e janelas que indicam que há ali um mocó em franca prosperidade. Pois não é que o prédio, em tempos mais sacudidos e risonhos, foi também sede da Academia Paranaense de Letras? Ah, última flor do lácio, inculta e bela.

Entre as últimas tragédias da edificação histórica, que traz o emblema de “Unidade de Interesse de Preservação” (UIP) – uma ironia –, figura um incêndio que só não transformou o casarão em cinzas porque os bombeiros agiram a tempo.

Diz o governo do estado que, se a parceria com a prefeitura passar do estágio de “estudo”, pretende transformar o local em espaço de difusão de arte e cultura.

Diz a prefeitura de Curitiba que, se a parceria com o governo do estado passar do estágio de “estudo”, o prédio histórico poderá se transformar em um dos símbolos dos 200 anos da Independência do Brasil, efeméride marcada para setembro.

O prefeito Rafael Greca, é sabido, goza de certa fama por festejar datas históricas. Em 1993, era ele quem cumpria o primeiro mandato à frente da administração municipal quando Curitiba chegou ao seu tricentenário.  Sete anos depois, era ele também o Ministro da Cultura de FHC na comemoração dos 500 anos da descoberta do Brasil. Naquela ocasião, oh vida, a nau capitânia foi a pique e Greca foi guindado da pasta. Tomara que quando da reforma do prédio do Belas Artes os ventos da bonança soprem a seu favor. Xô amargo naufrágio!

Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 20 de junho de 2022.

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