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Postado 13 de junho de 2022

Em busca da virtude cidadã

Limpar, reparar e cuidar da cidade nunca foi apenas um direito – e é isso que, volta e meia, se exige da administração pública –, mas um dever de todos.

Vem aí as eleições e abrem-se as oportunidades para que a zeladoria urbana seja incluída no plano de governo dos candidatos. O que se viu até agora não passa de um museu de grandes novidades. Partidos, postulantes e federações presos a propostas que sequer resvalam em problemas que nem sempre exigem grande soluções.

Um terreno vazio hoje é uma horta comunitária amanhã. E não há aí nenhuma tentativa de mascarar ou colocar um tapume sobre a precariedade de nossas ações ambientais.

Metrópoles como Curitiba, por exemplo, não sofrem apenas com a urbanização em escala ascendente, mas também com os efeitos colaterais que esse crescimento, por vezes desenfreado, pode causar.

Desafios específicos ressaltam a diversidade de características nas cidades. Sejam eles, geológicos, ambientais ou climáticos. Por isso, a atenção às especificidades de cada município – principalmente aqueles com mais de 200 mil habitantes – é essencial para elevar a qualidade de vida da população e abrir possibilidades de desenvolvimento sustentável.

Não se trata apenas de saneamento e dos problemas que a falta dele resultam, mas também da limpeza urbana vinculada às boas práticas socioeconômicas.

Contudo, vale lembrar: qualquer avanço no sentido de tornar a cidade limpa e transitável requer participação do cidadão. É bobagem? É chover no molhado? É papo natureba? Nem um pouco.

Limpar, reparar e cuidar da cidade nunca foi apenas um direito – e é isso que, volta e meia, se exige da administração pública –, mas um dever de todos. Em escala sistêmica, um papel jogado no chão é, muito provavelmente, fator de entupimento de um bueiro durante chuva forte.

No Japão, descartar lixo nas ruas, ainda que ele represente um pequeno papel de bala, implica em multa. E pesada.

Um excelente exemplo de boas práticas? Eis aqui: o projeto Revolução do Baldinhos, em Florianópolis (foto), recebeu o prêmio Semana Internacional Verde, em Berlim, no ano de 2019, baseado em desenvolvimento de solução para o grave risco de contaminação por descarte incorreto de resíduos (leia-se lixo).

Curitiba tem capacidade de criar projetos como este. E cabe a nós, cidadãos curitibanos, incentivar e valorizar as pessoas dispostas a contribuir para tornar a capital uma cidade melhor para se viver. Alguém disse: “A cidade não é nossa inimiga, somos nós mesmos. Limpeza pública é mais que uma burocracia pública, é uma virtude cidadã”.

(CRÉDITO FOTO: Divulgação)

Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 13 de junho de 2022.

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