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Postado 16 de maio de 2022

Tem uma árvore no meio do caminho

A criação da rápida do Portão não foi pensada para as calçadas e muito menos para as árvores que ali vicejam. O que é passível de processo judicial.

Não se trata de paródia a um dos poemas mais famosos de Carlos Drummond de Andrade (“No meio do caminho”). Há mesmo uma árvore na calçada da Guilherme Pugsley, a rápida que liga os bairros Água Verde e Portão/Fazendinha. Ela cresceu, apareceu, avançou suas raízes, rompeu as pedras da calçada e deixou aos pedestres apenas uma opção: invadir a rua para ultrapassá-la. Um desafio que, convenhamos, torna os obstáculos com que nos defrontamos na vida mais desafiadores e perigosos do que a metáfora da pedra de Drummond.

A foto diz tudo. A árvore tornou-se a tal ponto inconveniente que há quem defenda que seja substituída. Mas isso, talvez, signifique, matar a “senhora idosa” que é anterior à cidade, à pavimentação e ao projeto que segregou o pedestre e beneficiou o automóvel, o “cigarro do futuro” (copyright Jaime Lerner).

Talvez a solução que agrade a Grecas e Troianos esteja em contornar a propriedade, cujo muro relegou a calçada a segundo plano. Um recuo estratégico no que, aparentemente, é grade e canteiro de pedras (ah, as pedras no caminho), dando acesso aos pedestres e preservando a árvore.

Diga-se que não é o único caso. A criação da rápida do Portão, conforme sua alcunha, não foi pensada para as calçadas e muito menos para as árvores que ali vicejam. O que é passível de processo. Se algum dia os moradores cansarem de se pôr em perigo avançando à rua ou abraçando a árvore para, assim, transpor o duro obstáculo da vida, o caso pode ir parar nas barras das Justiça.

O LADRÃO E A TORNOZELEIRA

Recentemente a Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB/Vida Urbana) foi vítima de assalto. O ladrão invadiu a sede da entidade na madrugada e levou um notebook. No dia seguinte, ao constatar o roubo, os funcionários da ACGB descobriram que ele havia deixado algo para trás: a tornozeleira eletrônica. Assim, não foi difícil identificá-lo. A questão agora é prendê-lo. O ladrão continua foragido e, muito provavelmente, o computador já está em posse de “outro dono”.

DE VOLTA ÀS RUAS

Desativada durante a pandemia, a ACGB Florianópolis está reabrindo suas portas. A ideia agora é beber da mesma experiência de sua coirmã curitibana que, na próxima sexta-feira (20), completa 22 anos de história. Em tradução livre, isso significa zelar pela limpeza, cuidar das calçadas, preservar o patrimônio histórico, os canteiros de flores, despichar paredes e o mobiliário urbano. Tudo sem fins lucrativos. Sem custo para o erário.

Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 16 de maio de 2022.

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