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Postado 23 de maio de 2022

Do que temos medo?

A praça Tiradentes talvez seja um prenúncio do que pode ser Curitiba amanhã se ações de zeladoria urbana não forem implementadas com urgência.

Há fantasmas que assombram Curitiba e um deles é aquele que vislumbra a possibilidade de áreas degradadas do espaço urbano – a Praça Tiradentes, por exemplo – tornarem-se uma réplica da cracolândia.

Na semana passada, o deslocamento da multidão de usuários de drogas no centro da capital paulista para a praça Princesa Isabel, onde está localizado o monumento de 48 metros em homenagem a Duque de Caxias, completou dois meses, sem solução à vista.

Entre as ações de zeladoria urbana na região, a Defensoria Pública da União (DPU) recomendou às autoridades de São Paulo que evitem a internação forçada dos usuários que frequentam o local. Mas não se trata de medida simples.

Há necessidade de recursos orçamentários e de aprovação de leis que possibilitem por exemplo, a expansão de abrigos ou de bolsas aluguel para os dependentes químicos, além da criação de postos de trabalho que permitam que eles tenham uma atividade.

Em ofício, a DPU pede esclarecimentos sobre o acompanhamento assistencial e de saúde ofertado pela prefeitura de São Paulo, além de informações sobre as ações que serão tomadas.

Transportando essa realidade para Curitiba, isso significa zelar pela cidade para que não se crie ilhas de criminalidade em vias públicas, porque é bom lembrar: é em meio à multidão de usuários de drogas, como já demonstrou pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que agem as organizações criminosas, comandando não apenas o tráfico mas toda a sorte de crimes associados a ele (roubos, furtos, homicídios, etc).

A praça Tiradentes talvez seja um prenúncio do que pode ser Curitiba amanhã se ações de zeladoria não forem implementadas com urgência. Há associações sem fins lucrativos, caso da ACGB (Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil), que prestam serviços de manutenção urbana e assistência social e estão dispostas a colaborar. O alarme, portanto, foi disparado.

22 ANOS

A ACGB, aliás, está completando 22 anos de existência. Fundada em 2000, a entidade que é mantida por empresas garantidoras de condomínio, começou a contar sua história de zelo para com Curitiba contratando calceteiros para reparar buracos de calçadas. A kombi que os transportava, velha e teimosa, foi apelidada de Vitória. Pois essa palavra é a que melhor traduz a ACGB em seu aniversário.

FOTO: Rovena Rosa / Agência Brasil

Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 23 de maio de 2022

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