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Postado 9 de maio de 2022

A cidade voltada para dentro

Investir na revitalização da cidade significa também investir na zeladoria urbana. Quem mora em Curitiba não quer encontrá-la degradada ou conviver com lixo e buracos nas calçadas.

É do economista urbano Edward Glaeser, professor de Harvard, a ideia de que a cidade compacta e verticalizada é benéfica para a educação, as relações sociais, o trabalho e a qualidade de vida. As vantagens estariam na redução da mobilidade motorizada, ou seja, no uso de carros e na contenção de regiões periféricas sem infraestrutura e distantes dos locais de trabalho.

15 MINUTOS

A cidade compacta e verticalizada seria também um requisito indispensável para o conceito do que o urbanista colombiano Carlos Moreno, que é professor da Sorbonne, chama de “cidade de 15 minutos”. A proposta é que o cidadão não leve mais do que o tempo indicado – de bicicleta ou a pé – para rumar de sua casa ao trabalho e vice-versa e que tenha, à disposição, áreas comerciais, serviços e lazer em seu entorno.

PARIS

Esse, aliás, não é um conceito utópico. Em Paris, a prefeita Anne Hidalgo, que foi reeleita em 2020, está implementando um projeto que tem exatamente essas características. Ao limitar a expansão urbana, apostando, por exemplo, em condomínios verticais, que não precisam ser um amontoado de apartamentos, cria-se o conceito de crescimento para dentro, o que significa forçar a função social da propriedade e impedir a proliferação de terrenos vazios ou subutilizados em áreas densas.

O CINEMA CONFINADO

Concentrar esforços para que a população more perto do seu trabalho, diminuindo os longos trajetos necessários de carro ou de ônibus estimularia o comércio a voltar a investir em lojas de rua e revitalizaria bares, restaurantes e teatros, além de salas de cinema – hoje confinadas em shoppings.

CALÇADAS

Por que a “Curitiba fria” carece de movimento noturno? Por que a capital tornou-se uma cidade-fantasma nos fins de semana? Porque aqueles que deveriam morar no centro foram deslocados para a periferia. O centro velho de São Paulo padece desse mal. Curitiba segue o mesmo rumo. Investir na revitalização da cidade significa também investir na zeladoria urbana. Quem mora na cidade não quer encontrá-la degradada ou conviver com lixo e buracos nas calçadas.

DE VOLTA À VIDA

Há projetos de organizações sem fins lucrativos, caso da ACGB/Vida Urbana (Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil) que trabalham voluntariamente para reparar o calçamento urbano (foto). Mas esse é apenas parte do esforço. É preciso devolver a vida à cidade. E isso passa pelo experimento de compactação e verticalização da capital paranaense.

Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 9 de maio de 2022.

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