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Postado 7 de março de 2022

Um lixo nada extraordinário: o Carnaval que passou deixou uma montanha de detritos

O Brasil produz 64 milhões de toneladas de resíduos por ano. Destes, 37% vão parar em córregos e valetas.

Qual a quantidade de lixo produzida por um indivíduo ao longo de um ano? 383 kg. Ou seja, mais de um quilo por dia. Mas esse não seria um problema de grande monta se os resíduos tivessem um destino certo: a lata de lixo. Pois não têm. Os números no Brasil são recentes e espantosos: produzimos 64 milhões de toneladas de resíduos anualmente e, destes, 37% (ou 24 milhões de toneladas) são descartados nas ruas, nos córregos, nas valetas, em terrenos baldios. O centro da cidade, local de maior concentração de pessoas, é vítima preferencial. A chuva forte na segunda-feira de Carnaval alagou as ruas centrais de Curitiba, no entorno da Visconde de Nácar, onde há muito foram instaladas galerias de águas pluviais. O drama é recorrente e, claro, a urbanidade e a baixa permeabilidade do solo etc etc têm culpa no cartório – afinal essa é uma selva de pedra –, mas não são as únicas responsáveis. Uma equipe de drenagem destacada pela prefeitura realizou uma inspeção no local e o que encontrou foi uma montanha de lixo nada extraordinário.

CENA TRÁGICA

A referência ao documentário “Lixo Extraordinário” que relata o trabalho do artista plástico Vik Muniz com catadores no aterro Jardim Gramacho, no Rio, não é mera coincidência. Muniz fez do lixo arte. Nas grandes cidades definir assim o amontoado de resíduos seria um absurdo inconcebível. Mas se o fizéssemos ele (o lixo) seria o cenário de uma tragédia da qual somos protagonistas e vilões.

PÓ OU LIXO?

No mais, há o versículo bíblico que nos reduz, ricos ou pobres, à condição original. “Do pó viemos e ao pó retornaremos”. Pois se fosse atualizado principiaria assim: “Do lixo viemos…”

FARDO PESADO

Em 2021, a prefeitura de Curitiba recolheu 364 mil toneladas de lixo comum e 2,5 mil toneladas de recicláveis.

POESIA NAS RUAS 1

Poeta do concreto e do urbano, o paranaense Alvaro Posselt integra o projeto painel de cultura idealizado pela Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB/Vida Urbana). Um mural de azulejos exposto em famosa rua de Curitiba – a Comendador Araújo – exibe um de seus haicais, inspirado, aliás, em dois ícones da cidade: o bondinho e a boca maldita (foto abaixo).

POESIA NAS RUA2 2

Em dois anos foram instalados 12 murais de azulejo em Curitiba. O maior deles mede 2,10m x 16m e traduz homenagem aos profissionais da linha frente no combate à covid-19 e àqueles ligados a serviços essenciais.

Haicai de Alvaro Posselt instalado na Comendador Araújo, no centro de Curitiba: tradição urbana.

Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 7 de março de 2022.

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