Postado 30 de setembro de 2025
Desastre com hora marcada
O melhor é garantir que a reconstrução de moradias afetadas contenha um selo à prova de enchentes. Não é tarefa difícil se considerados os exemplos de países asiáticos.
O governo federal publicou portaria assinado pelos ministérios das Cidades e do Desenvolvimento Regional, ditando procedimentos para que as prefeituras do Rio Grande do Sul identifiquem e avaliem unidades habitacionais que foram definitivamente destruídas ou interditadas pelas fortes chuvas do início do ano.
O RISCO DA REOCUPAÇÃO
Há planos de geolocalização para e evitar que zonas de risco sejam reocupadas à revelia das autoridades ou, pior, com a cumplicidade delas.
SELO DE GARANTIA
O que fazer para um desastre com hora e local marcados – nos primeiros três meses de 2025 – é garantir que a reconstrução das moradias afetadas contenha um selo à prova de enchentes.
SOB CONTROLE
Não é tarefa difícil se considerados os exemplos de países asiáticos sujeitos a terremotos e furacões. A engenharia dá um passo tecnológico, o governo dá outro legal e administrativo e os prejuízos humanos (e econômicos) com as intempéries estarão afastados ou controlados.
CHUVA, NÃO CAIA
O Brasil, já se viu, luta anualmente contra a água das chuvas, mas não se põe a desviar seu curso ou absorvê-la. É surpreendente que um Legislativo, de tantas leis estapafúrdias, não tenha criado ainda uma norma rígida proibindo a chuva de cair onde quiser.
DESCULPE O ESTRAGO
O ideal seria devolver à natureza áreas de inundação, sobretudo as que surgiram da construção de aterros.
EM DEFESA DO PILOTIS
Luiz Fernando de Queiroz, editor-chefe da revista Bonijuris, publicação citada pela imprensa de todo o país na semana passada após episódio envolvendo o ministro do STF, Alexandre de Moraes, e o juiz federal de Maringá, Jácomo Gimenes, defende a construção de “pilotis”, que aliás é um dos cinco elementos da arquitetura moderna de Le Corbusier.
PILAR ARQUITETÔNICO
A ideia original do francês era evitar que os edifícios representassem barreiras físicas e visuais para as pessoas nas ruas, devolvendo o nível térreo das obras ao espaço público, como mostra a foto acima.
SOLUÇÃO À VISTA
Mas os pilotis – cuja tradução em português é “palafitas” – é mais do que isso. Torna-se uma excelente solução para evitar as enchentes de casas, edifícios, hospitais e escolas em áreas de baixo e médio risco.
CURSO DAS ÁGUAS
A Alemanha seguiu esse caminho ao redescobrir técnicas que deram certo no passado. Enchentes na cidade de Bad Munstereifeil demonstraram que edifícios com porões escondidos sob seus pilares (pilotis) tinham sido projetados para redirecionar a água de volta para os rios.
BAIXO CUSTO
Projeto semelhante, e de baixo custo, pode ser implementado no Rio Grande do Sul, e em outros estados sujeitos a chuvas e trovoadas, para impedir a inundação das edificações.
À ÁGUA O QUE É DA ÁGUA
Afora isso, há berços d´água que precisam ser respeitados. O mesmo Queiroz ouviu história de um austríaco que, há vários anos, fundou colônia em Blumenau (SC), sem enfrentar objeção dos povos indígenas na região. Tempos depois, soube através deles mesmos, que o local onde fincara sua comunidade pertencia às águas. De fato, Blumenau é toda ela uma zona de risco.