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Postado 26 de setembro de 2022

Cuidado com a aposta no cavalo vencedor

Se eleição tem a ver com a cidade? É claro que sim. Não vivemos em uma redoma, imunes aos raios gama que emanarão do pleito presidencial.

Se eleição tem a ver com a cidade? É claro que sim. Não vivemos em uma redoma, imunes aos raios gama que emanarão do pleito presidencial no pós-outubro. Um projeto de zeladoria urbana, por exemplo, que dá título a essa coluna, passa também pela importância de zelar pela democracia que, bem ou mal, adotou-se no país. Fala-se em voto útil. Útil para quem, cara-pálida se há um nítido revanchismo no ar e a impressão de que, virada a moeda, se de fato ela virar, teremos só o mais do mesmo.

Voto consciente é voto com convicção ou então não é nada. Com poucas chances de chegar ao segundo turno, o que é só eufemismo porque as possibilidades são zero, Ciro Gomes (PDT) disse em entrevista ao apresentador Ratinho, pai do governador do Paraná: “O PT, se você deixar, bate a sua carteira…”. A declaração foi suficiente para que comentaristas de política acusassem a sua morte política. Afinal, se ele não está com um, está com o outro, o demo, o tinhoso. E não é bem assim. Ciro Gomes é candidato à presidência, tem 7% das intenções de voto segundo as pesquisas e, apesar de ser uma terceira via improvável, não pode ser deixado de lado. Ou estaríamos desprezando 3,3 milhões de brasileiros – os 7% que acreditam nas ideias e propostas do presidenciável.

Minorias são a essência da democracia ou todos os movimentos de cotas, de gênero, de identidade estariam fadados ao fracasso. Se os pequenos grupos da sociedade não tivessem voz, organizações não-governamentais como a Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB), que zelam pela cidade, cuidam dos canteiros, das calçadas e da despichação, falariam em praça pública para ninguém. Mas não é isso o que acontece.

O voto em segundo turno diz muito sobre quanto a democracia necessita que o candidato vitorioso seja escolhido por um número representativo de cidadãos. Mas isso não significa que a minoria não deva ser ouvida. Por isso a razão do primeiro turno. Apostar no “cavalo” vencedor, com todo o respeito aos cavalos, apenas para não perder o voto – e votos não se desperdiçam – é o mesmo que seguir o sino do gado, do coxinha ou então do mortadela. Ao fim e ao cabo eles se parecem muito.

Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 26 de setembro de 2022.

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