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Postado 7 de fevereiro de 2022

Zeladoria urbana: Do que as cidades precisam?

Assinada pelo jornalista Marcus Gomes, coluna estreia no Diário Indústria e Comércio tratando semanalmente de zelo e urbanidade.

Há cinco anos, o então prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) anunciava um projeto para revitalizar o centro da capital paulista com patrocínio do sindicato do setor imobiliário. Em um seminário promovido sobre o tema revelou-se alguns consensos: o centro precisava de mais moradores de diferentes rendas e perfis e de maior uso à noite nos finais de semana. Ponto pacífico. Mas precisava especialmente de zeladoria urbana. Ou seja, manutenção constante. O que significa recuperação das calçadas, despichação, pintura e cuidado com o mobiliário urbano e com as áreas verdes.

Evaporou-se

Um ano e meio depois, Doria rumou para outros projetos – políticos, inclusive, uma vez que renunciou para disputar o governo do estado – e a iniciativa que, à época contava com a participação ativa do urbanista Jaime Lerner (falecido em 2021) não saiu do papel.

A regra do grande

De fato, se o objetivo era reocupar uma parte da região central, entregue aos vândalos e às moradias precárias, uma zeladoria constante poderia ajudar. Mas os políticos desenham sempre planos grandiosos quando nem o básico consegue ser atendido. E essa é uma regra que, lamentavelmente, vigora na maior parte das capitais do país.

Zelo e cuidado

Curitiba, o caminho encontrado para enfrentar a ausência de cuidados com a cidade veio da iniciativa privada. Há duas décadas, a Associação de Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB), uma entidade sem fins lucrativos, comanda uma equipe de zeladores cuja tarefa é justamente atender ao básico. Sem dinheiro público.

Nas alturas

Os funcionários recuperam calçadas, despicham muros e portas de lojas, promovem a limpeza do mobiliário, cuidam de canteiros e jardins e zelam pelos monumentos públicos. Em 2019, quando a pandemia da covid sequer surgira no horizonte, alpinistas urbanos da ACGB promoveram a limpeza do obelisco da Praça 19 de dezembro – a do Homem Hu – cuja altura é de 44 metros, equivalente a um prédio de 15 andares (foto).

De cara nova

Na semana passada, às vésperas da volta às aulas na rede pública de ensino, os zeladores botaram a “mão nas tintas” e recuperaram a pintura da Escola Municipal João Pinhal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba.

A receita

É uma prestação de serviço simples? Sim, mas talvez seja disso que as cidades precisem. Do básico.

*Coluna publicada no Diário Indústria e Comércio em 7 de fevereiro de 2022.

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